A coisa de justificar
Eu adoro inventar uma desculpa. Obviamente para esconder algo que não quero ver, o erro.
Eu tenho tendência a arrumar desculpa e justificativa pra tudo. Eu me escondo atrás dessas justificativas infinitas, porque eu sei das minhas imperfeições e erros e talvez minha autoestima seja muito baixa para eu aceitar as minhas falhas sem me justificar por elas. É disso que vou falar.
Eu não aceitei quando descobri que meu relacionamento tava acabando. Eu me escondi atrás de várias justificas para comportamentos que eu já sabia que eram inaceitáveis. Eu não queria que as pessoas falassem, ou dessem opiniões que eu iria concordar. Então eu inventava. E eu sou muito boa em inventar. Essa fantasia na minha cabeça vira realidade.
Eu sou tão boa em inventar essas novas dimensões que eu me perco nelas e quando algo da realidade aparece gritando na minha cara, eu fico absolutamente sem reação. Eu congelo. O palácio de cristal se esfarela, literalmente, deixando a princesa sem o menor vestígio do que era.
Eu me pego chorando as vezes com falta desse lugar que eu construí. Uma loucura pensar nisso, quando as coisas que aconteceram foram tão latentes. É mais uma fuga para não sentir. O sentir dói. A minha mente é inteligente o suficiente para sabotar a dor e ela cria mundos paralelos onde viver é mais suportável.
Eu adoro quando dizem: “nossa você é forte”. Talvez essa seja a maior mentira. Eu não sou forte, a minha crença nas minhas fantasia que é forte. Elas sustentam uma aparência de “tá tudo bem” quando na verdade ainda tem partes minhas muito machucadas e se curando.
Sempre que passo por qualquer situação que me sinta vulnerável, a Luiza ferida acuadinha, pequenina, aparece e se torna maior do que a fantasia. É quando a realidade se torna muito latente e eu não tenho como fugir. Mais uma vez o castelo desmorona e eu finalmente choro.
De certa maneira é libertador. Chorar. Sentir. Eu queria que minha mente soubesse que faz bem. Mas as vezes, para aguentar o tranco do dia a dia, no fundo, minha mente sabe que é preciso viajar para Nárnia mesmo.
Muitas das minhas justificativas, eu sei por causa da terapia, são frutos da minha autoestima que é trabalhada diariamente. Tem um amigo meu que fala que eu faço drama. Eu não faço. Eu realmente faço um “charme” para brincar com o fato de que eu sou insegura.
Quem fala muito, é muito, no fundo esconde muita coisa. Espero que vocês saibam. Eu escolho revelar pequenas doses de mim aqui. Pequeníssimas partes de tudo o que eu vivo. Ainda assim é muito para a maior parte das pessoas. Mesmo assim acho que esse pouco que compartilho é suficiente para te ajudar a partir da identificação. Quem não tem insegurança afinal? Quem não tem seus mecanismos loucos de lidar com ela?
Pois bem, o meu não é legal. Eu sempre me comparei com pessoas. Começando com minha irmã. Eu não aceito bem elogio, eu arrumo justificativa para eles. Outro dia uma amiga me disse: “nossa você tá linda, uma sereia com essa roupa”. Eu já brinquei e disse “ah tô gripada, menstruada, tô na merda, então tinha que botar uma roupa pra me sentir bonita”.
Eu não precisava dessa explicação toda. Podia simplesmente dizer “obrigada amiga”. Mais nada. Mas eu sempre faço isso. Se alguém fala: “você escreve bem”, eu respondo “ah eu errei umas palavras lá”.
Um perfeccionista é um cara muito inseguro, muito crítico consigo, muito controlador. Meu lado virginiana GRITA em alguns momentos. O que me gera grandes momentos como esse né? Onde eu nego minhas falhas porque simplesmente não consigo aceitar que errei. Que não cumpri com um planejado, não cheguei na hora, não fiz bem meu trabalho, não fui bem na prova, não fui aceita.
Quer mais prova disso do que eu não ter coragem de beijar na boca por medo de beijar mal? Se eu faço uma coisa eu gosto de fazer bem. Então eu ficava em PÂNICO 😂
A minha autoestima sempre necessitando da aprovação alheia. Ah se eu soubesse que beijo tem tantas coisas boas, que a gente aprende errando. O discurso é lindo né? Mas na prática, é difícil.
Queridas alunas e alunos, o maior desafio de um professor de yoga é o seu grande ego. Vejo isso em mim e nos colegas. Tudo fruto de uma insegurança gigante que está por trás de toda essa construção de persona que se coloca ali, diante de você. Isso serve para qualquer pessoa tá? Resolvi falar do meu grupo específico.
Eu estou aqui, me despindo, porque acho que minha semana foi uma bosta em vários sentidos e me trouxe para esse lugar sabe? E foi bom no final. Porque quero trazer isso de coração. A gente erra. A gente é humano. A gente busca a verdade, mas esbarra em várias feridas e crenças e as vezes a gente acha que encontrou um lugar, e aí volta a cair.
É a minha máxima: se tá encarnado, tem Bo pra resolver
Eu nego muitas vezes os meus problemas, minhas falhas, justificando elas. Eu nem peço desculpas as vezes, “Aah mas porque naquele dia”. As vezes eu quero parar e dizer “meu irmão, só aceita e pede desculpas” mas tem essa parte minha que não consegue aceitar isso. É uma desconstrução diária aceitar, sabe? Encarar essa feiúra que se apresenta. E mostrar ela aqui é uma maneira de dizer que isso acontece. Com frequência inclusive. Com todo mundo.
Eu detesto esse lugar de mestre. Todo mundo tem autonomia no caminhar. Se eu puder te aconselhar numa coisa é isso, não deposita nunca toda a sua fé em alguém. O seu coração é seu verdadeiro mestre. Ali que mora Deus, a força do Sagrado. Ali mora a Alma. A gente só tem um zilhão de mecanismos do ego, da mente, de suprimir essa voz mais celestial.
A mente é tão barulhenta que as vezes o palco é só dela. Eu só fui compreender isso quando eu me permito sentir minhas dores sabe? Infelizmente é assim.
Pra vocês terem noção, eu já dispensei 3 terapeutas porque eu mentia para elas, elas acreditavam e eu virava na terapia a terapeuta. E eu me dava conta em algum momento que enrolei tão bem a minha própria terapeuta que perdia o tesão de fazer a análise e perdia a confiança. Porque tinham passado seis meses e eu continuava a mentir e ela a acreditar…
No fim, essas experiências me fizeram aprender sobre essa minha característica. Buscar os fundamentos e bases dela. É assim que eu me desconstruo para me construir de novo. Me refazer. Todos os dias. Porque viver não é fácil, a gente tropeça muito. Por isso talvez algumas amigas e pessoas me vejam forte. Porque eu aprendo muito a cada queda. Mas eu sei que minha força maior tá na minha fé, como sempre digo e nas minhas amigas. No meu círculo mágico de mulheres bruxas. No poder do caldeirão. Sim. Essa é minha maior feitiçaria. Sentir e sentar em partilha com elas. Com vocês.
A gente se sente sozinho mesmo. A gente se sente inseguro. Mas a gente nunca tá realmente sozinho. Eu sempre falo isso e acredito. Além daqueles que a gente escolhe que façam parte da nossa vida, tem também uma força muito grande que nos guia. Que nos abençoa. Que nos mostra e revela tudo. Então quando eu me perco nas minhas fantasias, meus guias tratam de me trazer de volta. Com maestria e muito amor. E eu sou muito grata por isso essa semana sabe?
Que vocês tenham uma ótima sexta. Os tempos não estão fáceis, depois de tanta transformação pessoal (Navaratri, temporada de eclipses…). Tudo tá mudando muito rápido, mas o que eu acredito também é que o Sr. Tempo é o mais sábio maestro dessa vida. Ele sabe o tempo certo das coisas. A gente só precisa aceitar e escolher aquilo que nos aproxima da nossa verdade. Mesmo que a gente tropece e erre, a gente sabe como voltar e refazer essas escolhas.
Vai sempre ficar tudo bem, porque estamos juntos aqui❤️
Ps: obrigada especial a Nath e ao Kayque essa semana. Amo vocês.
Qualquer coisa me chama tá?
Dicas de músicas
Minha playlist conexão com minhas dores e pulsos. Uma playlist revela muito de um ser humano hein. Aproveitem 🩵